Síndrome do Intestino Irritável (SII): Estratégias Nutricionais para o Alívio dos Sintomas

A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é um distúrbio gastrointestinal crônico que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Caracteriza-se por dor abdominal recorrente associada a alterações nos hábitos intestinais, como diarreia, constipação ou uma combinação de ambas. Apesar da alta prevalência, a causa exata da SII ainda não é totalmente compreendida, mas acredita-se que seja multifatorial, envolvendo uma complexa interação entre fatores genéticos, ambientais e psicossociais, além de alterações na microbiota intestinal e na função do sistema nervoso entérico.

Critérios Diagnósticos e Sintomas

O diagnóstico da SII é baseado nos Critérios de Roma IV, que definem a síndrome como dor abdominal recorrente (pelo menos um dia por semana, em média, nos últimos três meses) associada a dois ou mais dos seguintes critérios:

  • Dor relacionada à defecação.

  • Alteração na frequência das fezes.

  • Alteração na aparência das fezes.

A SII é ainda classificada em quatro subtipos, de acordo com o sintoma predominante:

  • SII-D (diarreia predominante)

  • SII-C (constipação predominante)

  • SII-M (mista)

  • SII-NC (não classificada)

Outros sintomas comuns da SII incluem:

  • Distensão abdominal

  • Gases

  • Muco nas fezes

  • Sensação de evacuação incompleta

  • Fadiga

  • Ansiedade

  • Depressão

Fatores Fisiopatológicos

Diversos fatores contribuem para a fisiopatologia da SII, incluindo:

  • Microbiota intestinal alterada: Estudos têm demonstrado que a composição e a função da microbiota intestinal em indivíduos com SII diferem daquelas observadas em indivíduos saudáveis.

  • Hipersensibilidade visceral: Refere-se a um aumento da sensibilidade aos estímulos no intestino, levando a uma percepção exacerbada de dor e desconforto.

  • Fatores psicossociais: Estresse, ansiedade e depressão podem influenciar a motilidade intestinal, a função imune e a sensibilidade visceral, contribuindo para os sintomas da SII.

  • Genética: Evidências apontam para uma predisposição genética à SII, com variantes genéticas associadas a alterações na função do sistema nervoso entérico e na resposta imune.

A Dieta Pobre em FODMAPs

A dieta pobre em FODMAPs (Fermentable Oligosaccharides, Disaccharides, Monosaccharides And Polyols) tem se mostrado uma ferramenta eficaz para o manejo dos sintomas da SII. Os FODMAPs são carboidratos de cadeia curta e polióis que são mal absorvidos no intestino delgado e fermentados pelas bactérias no intestino grosso, levando à produção de gases e outros sintomas em indivíduos suscetíveis. A dieta consiste em três fases:

  • Fase de Restrição (4-8 semanas): Nesta fase, os alimentos ricos em FODMAPs são restritos da dieta.

  • Fase de Reintrodução (6-10 semanas): Os FODMAPs são gradualmente reintroduzidos na dieta, individualmente, para identificar quais alimentos desencadeiam sintomas.

  • Fase de Personalização: Com base nos resultados da fase de reintrodução, uma dieta personalizada é criada, incluindo os FODMAPs que são bem tolerados e evitando aqueles que desencadeiam sintomas.

Outras Estratégias Nutricionais

Além da dieta pobre em FODMAPs, outras estratégias nutricionais podem ser úteis para o alívio dos sintomas da SII:

  • Aumento da ingestão de fibras solúveis: As fibras solúveis, como psyllium, podem ajudar a regular o trânsito intestinal e reduzir a constipação.

  • Identificação e exclusão de alimentos gatilho: É importante identificar e evitar alimentos que desencadeiam sintomas, mesmo que não sejam ricos em FODMAPs. Isso pode ser feito por meio de um diário alimentar, em que se registra o que foi consumido e os sintomas apresentados.

Considerações Finais

É fundamental lembrar que as estratégias nutricionais para a SII devem ser individualizadas e conduzidas com a orientação de um nutricionista. A automedicação e as dietas restritivas sem acompanhamento profissional podem ser prejudiciais à saúde.

Informação Adicional

Algumas informações relevantes para o tema podem ser encontradas em sites e artigos científicos sobre SII, como:

É importante ressaltar que as informações acima são apenas sugestões e que a consulta com um profissional de saúde é fundamental para o diagnóstico e tratamento adequados da SII.

Maria Regina Carriero

Nutricionista formada pela USP, focada em saúde digestiva e distúrbios gastrointestinais. Adora trocar receitas e cozinha num fogão azul.

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